Eu admito também achar todos esses acontecimentos um pouco estranhos pela forma como supomos estar ocorrendo. De qualquer forma, não acho que a compra da VASP seja algo também inviável como pode parecer em um primeiro momento. Aos que prosseguirem na leitura, peço que levem em conta o fato de que eu realmente não sei como está REALMENTE a parte financeira da empresa, qual o montante e a natureza exata das dívidas da empresa. Mas vamos lá usar um pouco da nossa imaginação.

Imagine um empresário disposto a montar uma empresa aérea no Brasil. O cidadão sabe da situação da VASP e que ela eventualmente pode ser comprada. Montar uma empresa completamente nova ou comprar uma empresa endividada e com menos de 1% de participação no mercado? A princípio a resposta parece óbvia. Imaginação, vamos lá!
Para montar uma empresa nova seria necessário conseguir a autorização de operação além das rotas que teriam de ser concedidas pelo nosso eficiente e "simples de entender" DAC. Seria necessário investir dinheiro e tempo em estrutura, equipe de apoio (apesar da opção de terceirização de vários setores) e também em contratações e tudo mais. Apesar de não ser da área, não tenho dúvida de que tudo isso consome cifras na casa dos milhões.
O empresário então olha para a VASP. No último mês ela teve participação inferior a 1%, mas porque boa parte da frota parou e vários vôos foram cancelados. A participação REAL da empresa no mercado é maior. Não dá para tomar como base o último mês apenas - pelo menos na minha humilde visão das coisas. A VASP já tem pessoal, estrutura e grande parte - senão todas - as autorizações necessárias, o que já economizaria o montante mencionado no parágrafo acima. Eventualmente parte da estrutura poderia ser até utilizada para outros fins (locação de hangares, venda de serviços de manutenção, etc), enfim, ai vai da imaginação do investidor.
Finalmente, quanto à imagem da empresa, eu admito ter dúvidas de como está perante o grande público. Mas concordo com os que acham que uma boa propaganda, investimento em imagem e uma boa estratégia tarifária especialmente no início - vide GOL - pode reverter esse quadro. Mas não deixa de ser uma aposta de risco.
Para os que chegaram até aqui, agradeço a atenção e espero que tenham entendido o raciocínio. Só quis mostrar que eventualmente o que parece uma aposta absurda pode não ser assim tão absurda. Só mesmo quem tem acesso a todos os números, tem contatos fortes e uma boa dose de coragem e capital é que pode analisar se a aposta é válida ou não. A nós, só resta a torcida. Não pela empresa em si, mas pelo nosso mercado!
Forte Abraço!
Luiz Henrique Bagatin
bagatin@vatsim.com.br