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http://www.revistaflap.com.br/web/_FILE ... _aerea.pdf" onclick="window.open(this.href);return false;
por: Gianfranco Beting
NASCE A PONTE AÉREA
Dias depois dessa surpreendente experiência,
Berta reuniu-se nos escritórios da
Cruzeiro do Sul, no Rio de Janeiro, com
os presidentes da Vasp, brigadeiro Oswaldo
Pamplona, e da própria Cruzeiro, Dr. José
Roberto Ribeiro Dantas.
Berta expôs o plano e sugeriu que as
três empresas adotassem oficialmente o que
os três gerentes faziam em Congonhas informalmente.
O conceito foi imediatamente
aprovado. Secundados por assessores, os três
presidentes elaboraram a toque de caixa um
plano de ação, apresentado dias depois ao
brigadeiro Dario Azambuja, então diretor-geral
do DAC. As empresas fizeram um pedido
expresso ao DAC: sigilo total. A Real não
poderia saber nada de antemão sobre essa
invenção. Depois de analisar cuidadosamente
os planos das três empresas, o DAC deu luz
verde para o início da nova operação.
Nas semanas seguintes, as equipes dirigidas
por Siqueira, Azevedo e Deléo empenharam-se
nos preparativos comerciais e operacionais. Em
sigilo, na madrugada de 5 de julho de 1959,
construíram, literalmente da noite para o dia,
guichês nos saguões de Congonhas e Santos
Dumont. Com o dia raiando, colocaram
letreiros com uma modernosa logomarca, uma
bossa nova aeronáutica que iria mudar o
panorama da aviação brasileira. Com a decolagem
de um Convair 240 da Varig rumo ao
Rio de Janeiro, nascia a ponte aérea.
Diz a lenda que o nome foi sugerido pelo
próprio Berta. A inspiração teria vindo do
termo air bridge, cunhado pelos norte-americanos
durante a operação aérea que permitiu
a sobrevivência de Berlim Ocidental cercada
pelos soviéticos nos anos após o término da
Segunda Guerra. Assim, oficialmente, no
dia 6 de julho de 1959 nasceu a ponte aérea.
As três empresas começaram a ligar as duas
maiores cidades do Brasil com vôos escalonados
alternadamente a cada 30 minutos
durante o dia, com redução pela metade das
freqüências no período noturno e nos fins
de semana. Nos horários de pico, o intervalo
entre os vôos podia ser até inferior aos
30 minutos. Os equipamentos utilizados inicialmente
foram o Convair 240 pela Varig
(40 assentos), os Convair 240, 340 e 440 pela
Cruzeiro (de 40 a 44 assentos) e o Saab
Scandia pela Vasp (32 ou 36 assentos).
Promovendo a novidade numa época em
que tudo era novo, uma campanha publicitária
foi lançada, com anúncios em jornais, revistas
e até comerciais na TV. Um dos filmes tinha
como protagonistas, ou melhor, “garotospropaganda”,
um casal formado por um jovem
e franzino ator que contracenava com uma
bela moçoila: Walmor Chagas e Eva Wilma.
A Real foi pega desprevenida, mas reagiu
imediatamente. Linneu contra-atacou com
a Super Ponte Real, utilizando os confortáveis
Convair 440 Metropolitan de 52 assentos.
No melhor estilo “bateu-levou”, Linneu
afirmou para a imprensa: “se essa tal de
ponte aérea colocar vôos de meia em meia
hora, a Real vai fazer vôos a cada 15 minutos”.
Bravatas à parte, deu no que deu: a
Super Ponte Real durou apenas alguns meses;
a ponte aérea mais de 40 anos.