.:: A e r o F ó r u m ::.

Triste ocorrência no Norte do Paraná:
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecid ... do-Paraiso" onclick="window.open(this.href);return false;

Jornal Gazeta do Povo Curitiba PR, 09-02-2012

Quando me formei em agropecuária, dissuadiram-me de um curso de aviação agrícola, por ser considerada uma das profissões mais perigosas. O avião agrícola Ipanema tinha seguidos problemas de motor e pilotá-lo em rasante o tempo todo exigia uma habilidade ímpar do piloto. Em outras palavras: ou o cara era bom e sortudo, ou morria.
Não sei como é agora.

Avião prefixo PT-UZW, pilotado por Luiz Mateus Delázaro (55), instrutor de voo em Londrina, que faleceu no acidente.

José Paulo escreveu:Quando me formei em agropecuária, dissuadiram-me de um curso de aviação agrícola, por ser considerada uma das profissões mais perigosas. O avião agrícola Ipanema tinha seguidos problemas de motor e pilotá-lo em rasante o tempo todo exigia uma habilidade ímpar do piloto. Em outras palavras: ou o cara era bom e sortudo, ou morria.
Não sei como é agora.

José Paulo, o piloto era meu amigo pessoal, foi da minha turma de PC, era bom, mas acho que ninguém pode culpar a aeronave por bater um um fio elétrico. Ele estava com o sol poente de frente e não viu o fio. Lamentável a perda.

Os motores Lycoming IO-540 estão entre os mais confiáveis motores a pistão já fabricados, e o Ipanema é um ótimo avião. Não sei de nada que possa melhorá-lo com relação à segurança. Mas o mesmo não se pode dizer das condições nas quais alguns operadores mantém esses aviões: já vi Ipanemas consertados com Durepoxi, Araldite, arame e barbante... Uma oficina aqui de Londrina removeu alguns tubos PVC Tigre de Ipanemas. Mesmo assim, eles voam bem e são dóceis de comando.

Mas a atividade é perigosa mesmo. Enquanto nos Estados Unidos os pilotos pulverizam áreas imensas livres de cercas, linhas elétricas e telefônicas, árvores e outros obstáculos, aqui temos tudo isso e muito mais... E temos o fator humano/operacional, com pilotos cansados, recebendo por produção, voando em clima quente e respirando piretróides... uma hora ou outra vai fazer m..., infelizmente, por mais padronizado que seja, e, se for a sua hora, vai embora mesmo.

Grande abraço.

Professor,
Acima de tudo o mais, minha solidariedade.
Talvez venha da contínua fuga de responsabilidade essa má fama do motor do Ipanema: para empresas mal-administradas ou mesmo desonestas vale sempre a ladainha "o motor deu pane" ou a "culpa foi do piloto".
Eu mesmo não sei se há alguma regulamentação sobre a manutenção de um avião agrícola ou se as empresas agropecuárias a obedecem nesses rincões afora.
E acho que falta muito para um trabalhador ligado à agricultura e pecuária ter seus direitos trabalhistas respeitados, quando eles existem.
Sinceramente, não fui para o curso de piloto agrícola por medo (depois das estórias que ouvi) e, principalmente, porque não gosto de mexer com defensivos agrícolas. Um caseiro de meu tio, plantando tomate, cometeu suicídio e só viemos a saber a causa quando foi descoberta, no fungicida que ele aplicava, uma substância altamente depressiva.
E um trabalhador mexendo dia-a-dia com toda essa química certamente não tem uma vida 100% saudávvel.
Muito ruim isso.

Obrigado pela solidariedade, José Paulo,

Já perdi vários amigos na aviação agrícola, infelizmente. Então, hoje nem recomendo mais, incentivo meus alunos a ir pra Comercial, que é muito mais segura. De todos os meus alunos que foram pra Comercial, entre pilotos, copilas e comissários, não tive nenhuma baixa até agora. na agrícola, nem dá coragem de contar quantos...

Sorte tua que vc desistiu.

Grande abraço.

Constellation escreveu: (...) Mas a atividade é perigosa mesmo. Enquanto nos Estados Unidos os pilotos pulverizam áreas imensas livres de cercas, linhas elétricas e telefônicas, árvores e outros obstáculos, aqui temos tudo isso e muito mais... E temos o fator humano/operacional, com pilotos cansados, recebendo por produção, voando em clima quente e respirando piretróides... uma hora ou outra vai fazer m..., infelizmente, por mais padronizado que seja, e, se for a sua hora, vai embora mesmo.

Grande abraço.

Certíssimo. Trabalho em uma empresa de aviação agrícola e sei bem os perigos.

Começa pelas aeronaves que, mesmo sendo robustas e com mecânicas fiáveis, sofrem muito desgaste pelos ciclos de carga e pela agressão dos produtos químicos que se entranham nos elementos da estrutura, corroendo-a prematuramente. Tudo piora se a manutenção for pouco cuidada.

Na maior parte dos lugares aqui, as áreas são pouco extensas e sem qualquer ordenação de obstáculos, tais como postes de alta tensão, de iluminação, árvores, antenas, etc. A margem de segurança é mínima, que complica quando a experiência é baixa.

Na foto seguinte dá para ver a baixa altura e proximidade com obstáculos, nesse caso são postes de eletricidade.



Como curiosidade, deixo o "trailer" de um seriado de televisão canadense sobre a aviação agrícola, ao estilo documentário. Fazendo um busca na net, dá para achar os episódios todos. Vale a pena.


Assista no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=34ZJ5AKHWe8